PENSAMENTO




"O poeta é como o príncipe das nuvens.
As suas asas de gigante não o deixam caminhar."
(Charles Baudelaire)

História do Poema do Jacatirão


Este poema, intitulado: “o Jacatirão”, cujo autor sou eu mesmo, veio a público no ano de 1996, através do “Jornal a Notícia”. Isso não quer dizer que a inspiração e o impulso que tive ao escrevê-lo era momentâneo e da época. Não! Por certo que não. Ele não é o fruto de um simples amor passageiro, um mero capricho, algo fútil e sem um sólido fundamento; mas sim! O resultado de um amor duradouro, sincero e de gratas recordações.
Todos os anos, quando no mês de dezembro,as flores do Jacatirão surgem no seu esplendor, recordo-me da bela ziegeleis trasse, atual estrada jativoca; local em que vivi parte da minha adolescência e também onde o conheci.
Tudo teve início no longínquo ano de1967, quando com os meus 14 anos e vindo de uma querência distante, me instalei no bairro Jativoca, onde o meu saudoso pai adquirira um sítio. Era no outono quando ali chegáramos. Veio também o inverno, mas logo se foi também.
Surgiu então a primavera e conseqüentemente chegou dezembro, mês em que certas árvores, conhecidas por Jacatirão e abundantes por aquelas plagas, desabrocharam as suas numerosas e violáceas flores; transformando o nosso sítio, como também todo o jativoca em um imenso canteiro florido. Ao contemplar tal cenário, eu fiquei como que estático; aquela profusão de flores era algo inebriante, coisa jamais vista até então. Eram sem dúvida, as mais belas flores já captadas pelas minhas retinas; disse para mim mesmo.
O que conhecemos atualmente por mata atlântica é apenas 4% da vastidão verde e selvagem que ela já foi em tempos idos, antes da sua destruição pelo homem. Leis rígidas foram promulgadas com o intuito de preservar o que ainda sobrou, agora só nos resta aguardar com paciência o desenrolar da sua lenta regeneração. Aqueles dias que precederam a criação de tais leis foram na verdade angustiantes e de consternação geral, pois, o tinir do machado e roncar do motor serra, eram aos nossos ouvidos como canções fúnebres,cantado quando se precede o enterro de alguém. Uma coisa era certa, o fim da nossa mata atlântica seria inevitável se não surgisse heróis com poder para obrigarem a tais cantores se calarem. Quanto a mim, um apreciador dessa belíssima espécie, vivia por aquela ocasião, em grande apreensão também, pois eu tinha ciência do perigo iminente que pairava sobre a família melastomatácea; se nossa mata atlântica viesse a se extinguir, inevitavelmente seria o fim do Jacatirão também.
Foi em um desses angustiosos dias, quando, com o meu ser consternado, observava um pé de Jacatirão totalmente florido, que repentinamente me sobreveio a idéia: era como se o Jacatirão me falasse: caro amigo! Se na verdade tens por mim grande afeição e desejas contribuir na minha preservação, desperte o dom que há em ti, externando em versos os teus nobres sentimentos.
Assim veio-me a inspiração e por ela compus este poema.

Dezembro e o Jacatirão

Este poema, intitulado: “o Jacatirão”, cujo autor sou eu mesmo, veio a público no ano de 1996, através do “Jornal a Notícia”. Isso não quer dizer que a inspiração e o impulso que tive ao escrevê-lo era momentâneo e da época. Não! Por certo que não. Ele não é o fruto de um simples amor passageiro, um mero capricho, algo fútil e sem um sólido fundamento; mas sim! O resultado de um amor duradouro, sincero e de gratas recordações.
Todos os anos, quando no mês de dezembro,as flores do Jacatirão surgem no seu esplendor, recordo-me da bela ziegeleis trasse, atual estrada jativoca; local em que vivi parte da minha adolescência e também onde o conheci.
Tudo teve início no longínquo ano de 1967, quando com os meus 14 anos e vindo de uma querência distante, me instalei no bairro Jativoca, onde o meu saudoso pai adquirira um sítio. Era no outono quando ali chegáramos. Veio também o inverno, mas logo se foi também.
Surgiu então a primavera e conseqüentemente chegou dezembro, mês em que certas árvores, conhecidas por Jacatirão e abundantes por aquelas plagas, desabrocharam as suas numerosas e violáceas flores; transformando o nosso sítio, como também todo o jativoca em um imenso canteiro florido. Ao contemplar tal cenário, eu fiquei como que estático; aquela profusão de flores era algo inebriante, coisa jamais vista até então. Eram sem dúvida, as mais belas flores já captadas pelas minhas retinas; disse para mim mesmo.
O que conhecemos atualmente por mata atlântica é apenas 4% da vastidão verde e selvagem que ela já foi em tempos idos, antes da sua destruição pelo homem. Leis rígidas foram promulgadas com o intuito de preservar o que ainda sobrou, agora só nos resta aguardar com paciência o desenrolar da sua lenta regeneração. Aqueles dias que precederam a criação de tais leis foram na verdade angustiantes e de consternação geral, pois, o tinir do machado e roncar do motor serra, eram aos nossos ouvidos como canções fúnebres,cantado quando se precede o enterro de alguém. Uma coisa era certa, o fim da nossa mata atlântica seria inevitável se não surgisse heróis com poder para obrigarem a tais cantores se calarem. Quanto a mim, um apreciador dessa belíssima espécie, vivia por aquela ocasião, em grande apreensão também, pois eu tinha ciência do perigo iminente que pairava sobre a família melastomatácea; se nossa mata atlântica viesse a se extinguir, inevitavelmente seria o fim do Jacatirão também.
Foi em um desses angustiosos dias, quando, com o meu ser consternado, observava um pé de Jacatirão totalmente florido, que repentinamente me sobreveio a idéia: era como se o Jacatirão me falasse: caro amigo! Se na verdade tens por mim grande afeição e desejas contribuir na minha preservação, desperte o dom que há em ti, externando em versos os teus nobres sentimentos.
Assim veio-me a inspiração e por ela compus este poema.

Poema do Jacatirão


Seu poeta, eu te peço por favor, me dê a tua mão;
Pois o meu querido povo quer minha degradação;
Nos tempos das matas virgens, nascíamos em profusão;
Que o diga um respeitável e macróbio alemão;
Desbravador destas paragens, quando ainda era sertão.
Hoje, somos muito poucos, sobra da devastação;
Mas eu vejo seu poeta, em teus versos, minha salvação;
Para que completamente eu não caia em extinção,
Peça para o nosso povo que tenha mais compreensão;
Preserve-me, por favor! Eu sou o Jacatirão!


Essa linda flor nativa, falo com muita razão;
Ela sempre deu mais vida a esse nosso rincão;
Com os olhos do poeta, vejo os encantos dela
Dá um quê de beleza, em nossas primaveras.
Quando no mês de dezembro, ela desabrocha sua flor,
Faz com que em nossos campos, haja muito mais amor.
Por estes versos eu clamo, vamos parar de cortá-los;
Amigos da natureza, amantes deste lugar,
A melastomatácea nossa precisa de proteção;
Vamos conservar em nossos campos o nosso Jacatirão


Até nossas cigarras, com o seu triste estridular;
Salvem o Jacatirão, dizem com o seu ziziar.
Nos roteiros do minuano, em toda sua extensão;
Para essa linda flor, não há sim ilação.
Amigos camponeses me ousam com atenção;
Hemípteros vos pedem, poupem o Jacatirão.
O poeta e os cicadários vão fazer uma união;
Menestrel com os seus versos, cigarras com a canção;
Pra levarmos uma mensagem em toda a quente estação;
Uma muda dessa flor, plante no seu coração.


Doravante seu menestrel, me olharão de outro jeito;
Pois os versos de um poeta podem muito em seus efeitos.
Nos dezembros vindouros, aparecendo minha flor;
No coração de Joinville, será morada do amor;
Dentro de muitos peitos que por mim se apaixonou.
Eu te agradeço, oh, poeta, pela tua colaboração;
Estímulos são os teus versos, à futura geração.
Certamente outros poetas sobre nós farão menção.
Esteja certo disso, enquanto houver verão,
Iremos morrer cantando: poupem o Jacatirão.

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